Sexta-feira, 31 de Março de 2006
Dedico este post aos Zés do nosso País

   O Zé

Em casa, o Dr. José Gonçalves é o Zé.

Ali, longe das câmaras da televisão, das reuniões do conselho de administração, dos jornalistas, do patrão, dos empregados, dos clientes, dos alunos, dos doentes, dos colegas... é somente o Zé.

Calça os chinelos, faz gestos prosaicos, resmunga, ri à vontade, permite-se caprichos, cantarola no duche.

Conhecem-lhe as manias e os gostos; sabem como comportar-se quando está mal disposto, o que dizer para o convencer, que coisas o entusiasmam. É lá que realmente festeja o aniversário, é lá que lhe dão o prato preferido nos dias especiais. E sabem quais são os dias especiais. Em casa, o tempo tem assim cantinhos aconchegados como os tem o espaço. E há ritos velhinhos, cheios de sentido.

Em casa está tudo cheio de sentido.

Em casa pode errar. Em casa compreendem-no. Em casa ouvem aquilo que tem para dizer com verdadeira vontade de o escutar e de sentirem verdadeiramente as mesmas coisas que ele sente. Em casa dão tudo por um sorriso nos lábios dele.

Em casa têm uma paciência infinita. E sabem - pela forma como enfia a chave na fechadura, por uma certa expressão quase insensível do rosto - que aquele dia não correu lá muito bem.

Esperam um pouco - fingindo que não repararam em nada... - mas não tardam a contar-lhe coisas agradáveis, a pôr uma música que ele aprecia, a recordar episódios fantásticos que viveram juntos, a trazer umas fotografias antigas cheias de sabor, a lembrar-lhe que no Domingo há o Porto-Sporting... Até que ele dê a devida - a pequena - importância àquilo que o preocupava.

E, se o assunto for ainda mais sério, é certo que alguém, lá mais para o sossego da noite, se senta a sós junto dele e lhe diz baixinho: "conta lá...".

O Zé termina sempre comovido os seus dias maus. Apetece-lhe agradecer e, às vezes, chorar.

Lá fora, o Dr. José Gonçalves é valorizado de acordo com aquilo que produz, de acordo com a sua maneira de funcionar. Pode descer ou subir na hierarquia da empresa, pode ser despedido ou promovido, ter um vencimento maior ou menor. Em casa, gostam do Zé assim como ele é. A família é o único lugar onde gostam do Zé por ele ser quem é: o filho, o marido, o pai, o irmão; aquela pessoa, com tudo o que faz parte dela, independentemente das suas qualidades e dos seus defeitos e daquilo que possa produzir.

Na família, aquilo que os une está num plano imensamente superior a tudo aquilo que os possa afastar. Muito acima das discórdias, das zangas, dos amuos, dos diferentes pontos de vista. Podem as ondas enfurecidas de um mar de inverno salpicar as estrelas? Alguém ligou aquelas vidas com um nó, e a vida de um é a vida dos outros. E o sorriso de um é a alegria dos outros. E a dor de um é a dor dos outros.

Mas o homem de hoje tem vindo a destruir - com uma frequência enorme e inexplicável - a sua família...

E, ao fazer isso, suicida-se de algum modo. Aniquila a sua personalidade, exila-se da pátria, abdica do seu reino. Transforma a sua pessoa numa coisa, pois passará a viver apenas nos ambientes em que é valorizado somente por aquilo que produz. Deixa de ser uma pessoa para passar a ser um funcionário...



Paulo Geraldo

publicado por ciloca às 18:53
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Quinta-feira, 30 de Março de 2006
Encandescente

Nunca sou tão livre como quando escrevo.
Quando pego nas palavras nascem-me asas
Crescem-me garras
E caminho em liberdade
Sem limites para os passos
Sem rumo nem direcção
E não há obstáculos, barreiras
Se não há caminhos não há fronteiras
Que me travem, que me barrem
Porque a palavra é minha quando escrevo.
Se a quero terna, sou amante
Se a quero arma, sou guerreira
Faço amor ou revolução.
Nunca sou tão livre como quando escrevo
Como quando abro as asas
Como quando cravo as garras.

In "Encandescente", pág. 5, edição Polvo 2005
publicado por ciloca às 16:34
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Quarta-feira, 29 de Março de 2006
...
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face=Verdana,Arial size=2>

 

 

face=Verdana size=2>Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos


que em verde e ouro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma. é fermento,
bichinho alacre e sedento.
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel.
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança.,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
para-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.

 

face=Verdana size=2>(António Gedeão)










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face=Verdana color=white size=1>Aborto
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face=Verdana color=white size=1>Eutanásia
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face=Verdana color=white size=1>Arte de viver
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face=Verdana color=white size=1>Amar com o corpo
face=Verdana color=white size=1> |
face=Verdana color=white size=1> Belos textos









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publicado por ciloca às 18:19
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Domingo, 26 de Março de 2006
Domingo á noite

Hoje o dia começou,ontem.Quer dizer, ontem já eu tinha planeado o que fazer hoje e o que vestir e a que horas sair de casa., senão vejamos.

Mudança de hora, ou seja levantar uma hora mais cedo.

Levantar , tomar banho a correr sair ao cabeleireiro e regressar ainda a tempo de controlar a malta, pois  tinhamos de sair por volta das 12 horas.

O Local de encontro, em frente á Igreja onde decorreria o Batizado da sobrinha mais nova , que convenientemente festejava também o seu primeiro aniversário.

Às treze horas em ponto o padre deu inicio à cerimónia. Tudo a correr bem, a criança nem chorou quando da benção da água.

Lá fomos nós para a sessão fotográfica, e finalmente a hora do almoço.

Escusado será dizer que comemos bem, e demais. Encontraram-se familiares que só em dia de festas se encontram, e conheceram-se os elementos novos da familia, quer os que nasceram quer os que se casaram.

Foi pois um momento de festa, que termina invariávelmente com a minha pressa em regressar a casa para descansar um pouco, e a relutancia de outros em permanecer até ao último cartuxo.

Só por curiosidade, adianto que a familia com cerca de 10 irmãos e meio irmãos, com respectivos conjuges e dois filhos já crescidos, alguns já com noivo/a, perfaz cerca de cinquenta elementos. Nada mau para uma festa de batizado.

publicado por ciloca às 21:19
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Sábado, 25 de Março de 2006
Hoje conheci o zezinhomota um bloguista de mão cheia
height=234 alt=99.gif src="http://zezinhomota.blogs.sapo.pt/arquivo/99.gif" width=135 border=0>Achei graça a tua flor em permanente movimento e tentei copiar.E não é que a rosita ficou, e que bem fica. Esta vai ser a primeira das nossas trocas.
publicado por ciloca às 20:05
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Sexta-feira, 24 de Março de 2006
...
height=375 alt=00001hxk src="http://fotos.sapo.pt/ciloca/pic/00001hxk/s500x500" width=500 align=absBottom border=0>
publicado por ciloca às 19:17
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Quinta-feira, 23 de Março de 2006
Das idades, da paz e da tranqüilidade...
 

Outro dia uma pessoa de uma lista que freqüento comentou sobre os preparativos que tinha feito quando estava às vésperas de completar 30 anos e perguntou aos outros o que sentiram quando entraram nesta idade... 

Não me preparei e nem senti nada especial quando fiz 30 anos. Para mim, completar 30 anos foi exatamente como fazer 25, 29 ou 34... A mesma coisa quando completei 40. Não sei por que, mas estas datas terrenas, essa obsessão cronológica começou a me dar um certo tédio desde quando, ansiosa por ter 18 anos, descobri que não havia de fato grandes diferenças... Apenas o número mudava. 

Quase todos os meus amigos, desde os meus 20 anos, sempre foram muito mais velhos que eu... E eram pessoas brilhantes, intelectuais, jornalistas, músicos, enfim, pessoas que curiosamente eram muito mais "jovens", atuantes e participativas do que as de minha idade... Alguns deles, artistas, têm até hoje a platéia abarrotada por público jovem. "A idade que se tem é a que sentimos" e não a determinada por um calendário que um papa resolveu instituir, sabe-se lá para atender a interesses de quem... 

E se o padrão de contagem fosse outro, hein? E se houvesse uma Babel e existissem diversos padrões de contagem cronológica, um para cada grupo social, raça, sexo, etc., que aliás, até muito pouco tempo atrás vigorava em relação às mulheres. 

Na minha adolescência, década de 60, ouvia um cantor, o Miltinho, cantar a música "Mulher de trinta" assim: 

"Você mulher, que já viveu 
que já sofreu, não minta 
Um triste adeus, nos olhos teus 
a gente vê mulher de trinta..." (??????????????)

 Adeuss??? Aqui, ó! Felizmente esta canção entrou por um ouvido e saiu por outro... Se não estaria marcada a ferro e fogo "ad eternum"... :))))) 

Hoje estou com 49 e, se sobreviver, daqui a pouco terei 50, quiçá 60? :) É evidente que algumas mudanças ocorreram em mim, não por causa da idade, mas pelo caminho percorrido e pela capacidade de aprendizado. Conheço pessoas que chegam aos 80 e continuam tão vazias, conformistas e mesquinhas quanto eram mais jovens. 

Mas, minhas inquietações, perguntas, indignação e sede pela vida são tão ou maiores do que as da juventude! Quem tiver esta chama acesa não envelhecerá nunca. Não voltaria, nem por um segundo, às minhas idades anteriores! Me gosto mais e me sinto muito mais plena, consciente e generosa hoje do que já fui algum dia. 

Descobri que a harmonia e uma certa felicidade estão do lado de dentro e não do lado de fora e que apenas nós possuímos a chave secreta, embora existam pessoas que se debatam pensando que outra pessoa possui sua chave e outras ainda que nem desconfiam que essa chave existe. 

Descobri que meu maestro predileto, o Tom Jobim, estava equivocado ou carente quando escreveu "É impossível ser feliz sozinho..." É perfeitamente possível ser feliz sozinho, dependendo da capacidade de introspecção e de gostar de si mesmo de cada um. 

Mas como no Universo nada está parado, ficar estática, numa posição de serenidade e harmonia é muito chato! Tanto que estou até pensando em arranjar uma paixão, daquelas terríveis e infernizantes, que tiram a serenidade, a paz e o prumo, pois não estou suportando tanta paz e equilíbrio! :))) 

Viver é ter contrastes, sombra e sol, percorrer altos e baixos! Sempre! Que a paz esteja comigo além túmulo. Mas não agora! 

 Eliane Stoducto

       

       

       
       

       


publicado por ciloca às 23:50
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